O que é preciso para impulsionar a transi??o energética nos mercados emergentes


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Introdu??o

A melhor maneira de conhecer a regi?o do parque solar Bhadla é sobrevoando. Através da janela do avi?o, sobrevoando o deserto de Thar, no noroeste da ?ndia, a larga extens?o de painéis fotovoltaicos aparece repentinamente nas dunas ondulantes, brilhando como um mar na luz do sol da tarde.
CTF Solar Park

Seus desenvolvedores, incluindo a 香港六合彩开奖结果, construíram o parque em quatro fases ao longo de cinco anos.2 A primeira fase come?ou antes mesmo da amplia??o da rede para receber a energia gerada, e foi financiada em grande parte pelo Climate Investment Fund, o banco multilateral de desenvolvimento fundado pelo G7 para cofinanciar projetos de redu??o de efeitos das mudan?as climáticas.3 Por meses, a eletricidade gerada pelos painéis n?o tinha para onde ir. As frequentes tempestades de areia deixavam camadas de poeira nos painéis, reduzindo sua eficiência. Agora, uma frota de máquinas robóticas de limpeza percorre o local diariamente, o que parece ser a maior opera??o limpa-vidros da humanidade.4 

As fases posteriores conectaram Bhadla à rede elétrica e o projeto foi concluído no início de 2021. Atualmente, o Bhadla cobre 50 quil?metros quadrados5, aproximadamente o tamanho de Manhattan, e tem 2,7 gigawatts de capacidade instalada.6 Isso é suficiente para abastecer até 5,5 milh?es de residências indianas7 e eliminar cerca de 4 milh?es de toneladas de CO? por ano,8 tornando Bhadla uma das maiores instala??es solares do mundo. 

Se o tamanho de Bhadla é difícil de compreender, o mesmo acontece com o seguinte tópico: em compara??o com os 500 gigawatts de capacidade de energia renovável de que a na??o mais populosa do mundo precisará até 2030 — e os 7.400 gigawatts necessários para cumprir sua parte nas metas globais de zerar as emiss?es líquidas de carbono até 20709 — o Bhadla causa um impacto mínimo. 

Enquanto os países desenvolvidos correm contra o relógio para fazer a transi??o de combustíveis fósseis para fontes renováveis antes que o estoque de carbono do planeta se esgote, os mercados emergentes e em desenvolvimento têm menos tempo a perder e mais trabalho a fazer. Em compara??o com os países desenvolvidos, onde o consumo de eletricidade cresce devido aos esfor?os de eletrifica??o e à expans?o dos data centers,10 a demanda de eletricidade nos EMDEs cresce cerca de três vezes mais devido ao seu rápido crescimento econ?mico.11 Atualmente, os EMDEs s?o responsáveis por 72% das emiss?es mundiais de gases de efeito de estufa (GEE)12 (ver Imagem 1). ? necessário aumentar a capacidade de gera??o de energias renováveis a um ritmo muito mais rápido para acompanhar o desenvolvimento desses mercados.

Imagem 1: Os mercados emergentes representam 72% das emiss?es mundiais de GEE (2022)

Figure 1 GHG Emissions_v3
Fonte: EDGAR Community GHG Database (uma colabora??o entre Comiss?o Europeia, JRC e AIE), 2023.

Para garantir que os EMDEs entrem e permane?am no caminho certo, é necessária uma coordena??o maci?a em várias frentes, cada uma das quais dependerá de fluxos de capital sem precedentes. Nessas fases iniciais cruciais, é necessária a participa??o de investidores de mercados privados para catalisar outras fontes de financiamento e atrair capital, inclusive de empresas multinacionais que pretendem encontrar solu??es climáticas para suas opera??es nos mercados emergentes e em desenvolvimento.

De acordo com a International Energy Agency (IEA), os EMDEs, excluindo a China, precisam aumentar em seis vezes os investimentos em energia limpa, chegando a US$ 1,6 trilh?o por ano até o início da década de 2030,13 para garantir que as crescentes necessidades de energia sejam atendidas em alinhamento com o Acordo de Paris. Com exce??o da China, a maioria dos EMDEs n?o conta com recursos públicos ou privados para financiar totalmente sua transi??o. Por padr?o, os bancos de desenvolvimento representam apenas uma parte do mix. O 14 estimou que um ter?o do financiamento precisa vir de outros países.
 
Embora estejam em busca de oportunidades de investimento para a infraestrutura da transi??o energética, historicamente, os investidores privados consideram que os projetos de energia renovável e descarboniza??o nos EMDEs est?o fora do seu escopo principal. Mas, a nosso ver, isso pode estar prestes a mudar.

Em muitos mercados emergentes e economias em desenvolvimento — ?ndia, Brasil, Chile, Indonésia, Filipinas, Malásia, Vietn?, Turquia, Romênia, entre outros — uma série de fatores est?o permitindo que o capital privado apoie a transi??o. Tanto os mercados de capitais quanto as oportunidades de energia limpa est?o amadurecendo, oferecendo aos investidores caminhos mais claros sobre como e onde alocar seu capital. E, dado o atual desequilíbrio entre o tamanho da oportunidade e o capital disponível para essas regi?es, acreditamos que há um caminho igualmente claro para retornos atraentes ajustados ao risco.

Oportunidades ascendentes

A transi??o energética se intensificou nas últimas duas décadas e agora é tratada como prioridade nas agendas dos governos. Financiamentos públicos monumentais na Europa, nos EUA e na China proporcionaram saltos contínuos de eficiência e economia de escala, enquanto a prioridade econ?mica das energias renováveis ganhou vida própria. O aumento da capacidade de gera??o de energia renovável em 2023 totalizou 507 gigawatts, cerca de 50% a mais do que em 2022.15 O investimento em energia limpa aumentou 40% desde 2020, atingindo US$ 1,8 trilh?o em 2023.16

Resta saber se essas mudan?as ter?o a velocidade e a escala suficiente para evitar os efeitos mais desastrosos do aquecimento global.  

Uma preocupa??o está cada vez mais evidente: essa meta nunca será alcan?ada se a fonte de 72% das emiss?es mundiais de CO2 relacionadas a energia n?o receber bem mais de 15% dos investimentos mundiais em energias renováveis e redu??o de emiss?es (ver Imagem 2).17

Imagem 2: Lacuna de investimentos em energia limpa nos mercados emergentes

(Investimentos em energia limpa, PIB e popula??o por regi?o)

Figure 2 EM Clean Energy Gap_v3
Fonte: Agência Internacional de Energia (AIE).

A ?ndia é um bom exemplo das promessas e dos desafios da transi??o energética nos EMDEs. O país, terceiro maior poluidor do mundo, comprometeu-se a neutralizar suas emiss?es até 2070. Se a ?ndia atingir essa meta, essa conquista sozinha poderá reduzir o aquecimento global em 0,2°C.

No entanto, ainda hoje, 70% da eletricidade da ?ndia é gerada por carv?o, e as energias renováveis contribuem com menos de 10% das necessidades energéticas do país. Neste momento, a ?ndia tem aproximadamente 182 gigawatts de capacidade de gera??o de energia renovável, menos de 2/100 da quantidade necessária para atingir a meta de 2070. Esse nível de capacidade requer um investimento de cerca de US$ 10 trilh?es até 2070, ou US$ 214 bilh?es por ano. Isso representa 16 vezes os US$ 13 a US$ 14 bilh?es investidos por ano na transi??o da ?ndia atualmente.18  

No entanto, cada mercado emergente é diferente. A ?ndia é uma das economias mais desenvolvidas no espectro da transi??o e é um destino relativamente atraente para o financiamento externo. Em países como a ?ndia, Brasil e Chile, estruturas políticas com vis?o de futuro e a abund?ncia de luz solar e vento (no caso do Brasil, muita energia hidrelétrica também) criam mercados vibrantes para as energias renováveis. Em outros países, a transi??o é mais incipiente, os desafios s?o diferentes e a lacuna entre o capital disponível e o montante de investimento necessário é maior.

N?o existe uma única fórmula ou abordagem para dimensionar as oportunidades de investimento na transi??o energética dos EMDEs. Cada um desses mercados tem características diferentes que dependem do que o país busca alcan?ar e do estado atual de seu mix energético. Mas há fatores comuns a serem considerados.

O primeiro é o aumento do consumo de energia. A expans?o do consumo de energia nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento n?o apenas aumenta a urgência de ampliar significativamente a capacidade de gera??o de energia no curto prazo, mas também amplia a oportunidade de desenvolver projetos de energia solar e eólica, considerados os frutos mais fáceis de colher da transi??o energética global. Isso significa que há um potencial enorme de ampliar os investimentos em energia renovável nestes mercados.  

O segundo é que as energias renováveis est?o se tornando muito mais acessíveis nos EMDEs. Esses mercados se beneficiam dos mesmos avan?os tecnológicos e aumentos de eficiência dos mercados desenvolvidos. Na maioria deles, é mais barato e menos arriscado (puramente em termos de gastos de capital) financiar e implantar energias eólica e solar do que aqueles provenientes de fontes de combustíveis fósseis (ver Imagem 3). 

Imagem 3: As energias eólica e solar s?o mais baratas do que os combustíveis fósseis na maioria dos mercados (1? semestre de 2023)

Tecnologia de nova gera??o mais barata para construir por mercado

Figure 3 Wind Solar Power
Source: BloombergNEF.

O terceiro é que os EMDEs normalmente contam com vantagens naturais para implantar energias renováveis comparados aos países de mercados desenvolvidos. Os EMDEs costumam estar em regi?es onde a radia??o é maior, em regi?es montanhosas, costeiras ou desérticas com condi??es de vento favoráveis. No Brasil, por exemplo, os recursos eólicos no solo (onshore) s?o t?o bons quanto os marítimos (offshore) nos EUA e na Europa, com menos da metade do custo da energia eólica capturada no mar.19 

Outros fatores também favorecem os emergentes. Conforme ilustrado no projeto Bhadla, a disponibilidade de grandes extens?es de terra n?o urbanizadas e livres de restri??es regulatórias raramente é considerado um problema. A aquisi??o e importa??o de equipamentos nesses mercados costuma ser mais barata, assim como a m?o de obra, o que reduz os custos de constru??o, opera??o e manuten??o (ver Imagem 4). 

Figura 4: Os EMDEs têm vantagens em termos de custos de opera??o e manuten??o

(Custo nivelado de eletricidade de uma usina de energia solar em grande escala concluída em 2022)

Figure 4 EDMEs Cost Advantage_v3
Fonte: Agência Internacional de Energia (AIE).

Somadas, essas vantagens n?o só tornaram a instala??o de usinas de gera??o de energias renováveis mais barata e competitiva do que a de usinas à base de combustíveis fósseis, como também seus projetos s?o mais baratos que os de mercados desenvolvidos, mesmo sem o mesmo nível de apoio governamental. As equipes de Energia Renovável da 香港六合彩开奖结果 baseadas nos EMDEs descobriram que, em média, os gastos de capital (Capex) estimados para seus projetos s?o cerca de 40% menores do que os de projetos de escala equivalente nos EUA ou na Europa.  

Por outro lado, a transi??o dos mercados emergentes traz um conjunto diferente de considera??es sobre investimentos, algumas reais e outras presumidas. Mesmo assim, as oportunidades s?o t?o grandes que os investidores têm o luxo de escolher as melhores, nas quais muitos desses riscos s?o reduzidos.  

Por exemplo, em alguns desses países, mas n?o em todos, o estado de direito e o cumprimento de contratos podem ser menos seguros do que nos mercados desenvolvidos. O histórico das operadoras locais pode ser mais limitado e a saúde financeira dos compradores de energia menos transparente. O acesso e a conex?o à rede também podem ser complicados devido a ineficiências e burocracias, e o risco regulatório, embora encontrados n?o somente nos EMDEs, pode ser maior do que nos mercados desenvolvidos.  

Adicionalmente, a repatria??o de recursos pode ser um risco para os investimentos em infraestrutura de energia renovável, em grande parte devido aos seus longos prazos. Um dos atrativos para os investidores estrangeiros de commodities e projetos industriais tradicionais é a possibilidade de "dolarizar" os investimentos. Isso se deve ao fato de que a produ??o é normalmente destinada a mercados externos, permitindo que as receitas sejam geradas em dólares americanos. Esse n?o é o caso da energia renovável, cujos principais clientes s?o residências e empresas dentro das fronteiras do próprio país.20   

Como resultado, embora os terrenos, edifícios e equipamentos relacionados a um projeto de transi??o em um mercado emergente possam ser 40% mais baratos, o custo de obten??o desse capital — os retornos que o credor ou investidor médio exige pelo seu risco — pode ser mais elevado. Por exemplo, se o custo médio de capital (incluindo dívida e capital próprio) de um projeto solar em um mercado desenvolvido for de cerca de 5 a 6%, nos EMDEs será de cerca de 12% (ver Imagem 5).

Imagem 5: Faixas de custo de capital de projetos de energia solar e armazenamento de energia (2022)

Figure 5 Cost of Capital Ranges_v3
Fonte: Agência Internacional de Energia (AIE).

Apesar de o potencial de retorno ser mais alto nos EMDEs, essas oportunidades continuam cronicamente subfinanciadas. Ao mesmo tempo, esses países têm algumas das economias mais robustas e crescentes do mundo, muitas com classifica??o investment-grade, estrutura regulatória favorável, respeito comprovado pelo capital, estado de direito sólido e risco geopolítico administrável. Um operador experiente com presen?a local e disposi??o para colocar a m?o na massa pode acrescentar mais uma margem de seguran?a favorável.  

Dada a necessidade de constru??o de uma infraestrutura globalizada em um prazo relativamente curto, a transi??o dos EMDEs representa uma enorme oportunidade para investidores privados, especialmente agora que algumas pe?as-chave do quebra-cabe?a est?o se encaixando.  

Financiamento misto e capital catalítico

Assim como ocorre na transi??o, para abrir as comportas do capital externo necessário para financiar os projetos de energia limpa nos mercados emergentes e economias em desenvolvimento, diversas medidas precisar?o ser tomadas praticamente de uma só vez.  

Em setembro passado, Mark Carney, Chair da 香港六合彩开奖结果 e head de investimentos em transi??o, compartilhou suas recomenda??es para essas etapas em um discurso na Cúpula anual do G20, presidida pela ?ndia. Carney observou que mais governos dos EMDEs precisam adotar políticas climáticas cada vez mais ambiciosas para criarem um ambiente mais propício. S?o necessários padr?es uniformes e dados melhores para rastrear o problema. Mercados voluntários de carbono precisam ser estabelecidos para acelerar os fluxos transfronteiri?os para projetos de redu??o de emiss?es nos EMDEs. Também é preciso reconhecer que os principais investidores na transi??o dos EMDEs — os bancos de desenvolvimento — podem se esfor?ar mais para ampliar os tipos de projetos e os riscos que est?o dispostos a assumir para catalisar financiamentos privados. 

Os líderes mundiais reunidos em Nova Deli concordaram com Carney. Eles foram un?nimes em reconhecer a necessidade de rapidamente ampliar os investimentos e financiamentos de bilh?es para trilh?es de dólares, principalmente nos mercados emergentes; e de se comprometer com reformas para aumentar a qualidade e a eficácia dos bancos multilaterais de desenvolvimento. Com isso em mente, o Banco Mundial criou um laboratório de investimento do setor privado para coletar informa??es sobre as diferentes formas de ampliar o financiamento privado nos EMDEs.  

Uma pe?a fundamental que passou a ser priorizada é o financiamento misto

Nos últimos anos, os bancos de desenvolvimento e outras institui??es públicas come?aram a se unir às grandes corpora??es financeiras dos mercados desenvolvidos para combinar os recursos públicos e privados disponíveis para a transi??o dos EMDEs de forma mais criativa e direcionada.      

O financiamento original do Climate Investment Fund para o parque solar Bhadla é um bom exemplo. Outro caso notável foi a emiss?o de uma garantia de US$ 98 milh?es feita em 2022 pela Agência Multilateral de Garantia de Investimentos para refinanciar o parque solar Benban, no Egito, a quarta maior instala??o solar do mundo (e maior da ?frica), junto a outros financiamentos públicos e privados.21 A Just Energy Transition Partnerships (JETPs), que estreou em 2021 com um compromisso na ?frica do Sul, apresenta alian?as semelhantes que atuam de país em país.  

No final do ano passado, na 28a sess?o da Conferência das Partes da ONU (COP28), o presidente dos Emirados ?rabes Unidos, Mohamed bin Zayed, anunciou a cria??o de um veículo de financiamento de US$ 30 bilh?es que leva esses esfor?os a outro patamar. O ALT?RRA adota o conceito de financiamento misto conhecido como capital catalítico, concebido para dar o pontapé inicial e reunir capital privado para investimentos na transi??o dos mercados emergentes e economias em desenvolvimento.  

O conceito é t?o simples quanto eficaz: em um acordo catalítico, o patrocinador do fundo faz um investimento significativo em um pool de capital e limita seu próprio retorno sobre esse investimento para aumentar o potencial de retorno dos outros investidores privados do fundo e reduzir o custo de capital dos desenvolvedores. Com um potencial de retorno maior, os outros investidores têm mais interesse em trabalhar com o fundo, criando um multiplicador significativo no montante de capital disponível para apoiar a transi??o dos EMDEs. Esses pools maiores, com mandatos específicos voltados para a transi??o dos mercados emergentes, far?o os investimentos que — embora atraentes do ponto de vista de risco/retorno — antes tinham dificuldades para garantir capital. 

"Acreditamos que isso pode ser transformador para a transi??o energética dos EMDEs", diz Carney. "O mundo emergente e em desenvolvimento precisa de US$ 1 trilh?o por ano de financiamento externo nos próximos anos para fazer a transi??o para o carbono neutro. O capital catalítico pode ajudar a suprir essa lacuna ao mobilizar investidores privados a fazer investimentos e dar escala à transi??o em países que antes tinham dificuldades para atrair ambos." 

Que tipos de projetos poderiam utilizar o capital catalítico desses grupos de capital privado? 

A ?ndia é um exemplo instrutivo. Por mais que tenha avan?ado na viabiliza??o de projetos de energia renovável, o país ainda enfrenta o dilema "quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?". Os desenvolvedores precisam de financiamento para garantir capacidade em leil?es estatais que concedem contratos de compra de energia renovável de longo prazo. Ao mesmo tempo, a maioria dos financiadores exige que os desenvolvedores tenham acordos de longo prazo garantidos antes de iniciarem os projetos, mesmo para a fase inicial de desenvolvimento. Com o longo período de análise legal e de licenciamento que implica uma licita??o, muitos projetos acabam atrasados em três ou quatro anos. 

Portanto, o uso do capital catalítico pode inverter a ordem: iniciar o projeto primeiro e fazer a licita??o e garantir os contratos mais perto da conclus?o. Essa abordagem tem algum grau de risco, pois é preciso vender no mercado à vista ou conseguir um contrato de curto prazo, em vez de assegurar um contrato de compra mínima garantida de longo prazo. No entanto, ela também reduz drasticamente o tempo de entrega e aumenta o potencial de retorno. Desenvolvedores estabelecidos como a 香港六合彩开奖结果 poderiam administrar o risco de aquisi??o com contratos de curto prazo (geralmente lucrativos) e aguardar o momento certo para garantir contratos mais favoráveis de longo prazo. Ao mesmo tempo, um desenvolvedor poderia fazer uma venda a prazo de ativos renováveis dois a três anos após o comissionamento para contrapartes confiáveis que desejassem adquirir ativos sem risco. Isso inclui um contingente crescente de clientes corporativos de alta qualidade que buscam fontes limpas dedicadas para alimentar iniciativas de friend-shoring destinadas a diversificar as cadeias de suprimentos. 

Da perspectiva dos investidores, o capital catalítico — e sua capacidade de apoiar grandes pools de capital para a transi??o dos EMDEs — pode ser o fator que falta para viabilizar as op??es e aumentar o potencial de retorno. Com isso, a ?ndia ganha um novo mecanismo para acelerar os projetos de energia renovável que a ajudará a atingir suas metas.

As multinacionais demandam energia limpa

O interesse das empresas por energia limpa n?o cresce apenas na ?ndia. As multinacionais com sede em mercados desenvolvidos têm forte presen?a de produ??o e distribui??o na ?sia, Europa emergente, América Latina e ?frica. Em muitos casos, as empresas se estabeleceram décadas atrás para aproveitar a m?o de obra mais barata, a proximidade dos recursos naturais e os mercados consumidores em crescimento. Agora, essas empresas têm metas globais de transi??o urgentes a alcan?ar e est?o ansiosas para fazer parcerias com grandes financiadores e operadores estabelecidos, como a 香港六合彩开奖结果, para desenvolver a capacidade de energia renovável em todos os seus mercados.  

Embora alguns projetos de energia renovável usados para alimentar uma fábrica possam ser construídos nas instala??es do cliente, nem sempre será este o caso. Em alguns cenários, a rede precisa receber e contabilizar a energia, para que o desenvolvedor e o cliente possam obter crédito por ela. Por mais atraentes que sejam, os projetos dos EMDEs continuam sujeitos às regras de din?micas de cada país, que os colocaram fora do escopo da maioria dos investidores privados. O capital catalítico e sua capacidade de criar grandes pools de capital focados nessas regi?es podem ajudar a resolver essa quest?o.  

Recentemente, uma grande multinacional entrou em contato conosco: depois de trabalhar com a 香港六合彩开奖结果 em vários contratos de compra mínima garantida de longo prazo na ?ndia, a empresa queria saber se poderíamos implementar o mesmo modelo em seus outros mercados, como Brasil, Chile, Indonésia e Filipinas.

Recentemente, uma grande multinacional entrou em contato conosco: depois de trabalhar com a 香港六合彩开奖结果 em vários contratos de compra mínima garantida de longo prazo na ?ndia, a empresa queria saber se poderíamos implementar o mesmo modelo em seus outros mercados, como Brasil, Chile, Indonésia e Filipinas.

Brasil e Chile: sem tempo a perder

O Brasil e o Chile s?o outros exemplos dos efeitos potencialmente transformadores do capital catalítico. Os dois est?o entre os mais avan?ados de todos os mercados de transi??o energética dos EMDEs. Ainda assim, até mesmo estes países têm um longo caminho pela frente.  

O Chile tem aproximadamente 4,6 gigawatts de capacidade instalada de carv?o, grande parte dela nos estágios iniciais da vida útil.22 O governo assumiu o compromisso de descomissionar todas as usinas de carv?o nos próximos 15 anos. A elimina??o progressiva de concessionárias de servi?os à base de carv?o e outros combustíveis fósseis é um empreendimento extremamente intensivo em capital. Mas ele também traz o potencial de retornos mais altos dados os descontos com os quais esses ativos (incluindo as tarifas de clientes) podem ser adquiridos e a necessidade contínua (e muitas vezes o prêmio pago) de energia de combustíveis fósseis sob demanda para apoiar fontes limpas que dependem de condi??es climáticas.  

Uma concessionária em nosso radar no Chile tem um plano claramente articulado para fazer a transi??o de óleo combustível pesado para energia renovável na próxima década. Ela tem muitos dos elementos necessários para o sucesso, incluindo receitas recorrentes e previsíveis para apoiar o desenvolvimento das energias renováveis, exceto um: um parceiro confiável com experiência para executar sua transforma??o e com capital suficiente para come?á-la.         

Na mesma linha, tanto o Brasil quanto o Chile têm indústrias pesadas que, como em qualquer lugar, continuam dependentes de combustíveis fósseis para gerar as altas temperaturas necessárias para a fabrica??o de seus produtos.  

O plano do Brasil para descarbonizar seus setores de a?o e cimento é um dos motivos pelo qual o país destinou regi?es de energia renovável em grande escala para a produ??o de hidrogênio verde. A esperan?a é que a abund?ncia de energia hidrelétrica, eólica e solar gerada nessas regi?es ajude a reduzir os custos de produ??o a ponto de tornar o hidrogênio verde competitivo frente ao carv?o ou o gás natural como insumo industrial.  

O Brasil e o Chile também têm outro recurso para usar em seus esfor?os de descarboniza??o: a capacidade generativa de seus resíduos.  

O Chile é o terceiro maior produtor de resíduos por pessoa do mundo,23 enquanto o Brasil tem alguns dos maiores aterros sanitários do continente. Essas instala??es est?o sob crescente press?o de seus governos para capturar as milh?es de toneladas métricas de metano e dióxido de carbono que liberam na atmosfera a cada ano. Avan?os recentes nas tecnologias de captura e processamento aumentaram a viabilidade de transformar esse gás em uma fonte produtiva de biocombustível verde para uso industrial. 

Considerando os regimes de imposto sobre o carbono que est?o surgindo em todo o mundo liderados pelo Carbon Border Adjustment Mechanism da Uni?o Europeia, que em 2026 come?ará a aplicar gradualmente impostos sobre o a?o, o cimento e outras commodities importadas, as multinacionais sediadas nos países poder?o cada vez mais adquirir produtos e combustíveis verdes para evitar esses impostos. O capital catalítico pode ajudar a estimular investimentos em tecnologias estabelecidas para que elas cres?am nesses mercados, oferecendo vantagens interessantes para os investidores. 

Sudeste Asiático: a próxima fronteira

Sudeste Asiático é outra importante fronteira de investimento, onde novas estruturas de capital podem ajudar a catalisar mercados em vários pontos de seus processos de transi??o.  

Na Tail?ndia, a existência de uma potente indústria de energia renovável, somada a uma for?a de trabalho significativa com experiência em tecnologia contribuíram para o aumento dos data centers para atender ao crescente tráfego de internet na regi?o, junto ao alto consumo de energia que esses centros trazem. Muitos dos centros est?o sendo construídos pela Microsoft, Amazon e outras potências digitais globais que agora est?o trabalhando contra o relógio para cumprir seus compromissos de carbono negativo.  

A Malásia tem um boom semelhante de data centers em andamento. A Malásia é vizinha de Cingapura, um mercado desenvolvido cuja demanda por energia renovável contrasta diretamente com uma área limitada para a constru??o de parques solares e eólicos. Apesar dos atritos no mercado da Malásia, Cingapura se torna um mercado secundário de primeira linha para cada megawatt extra que um projeto malaio possa produzir e transmitir. 

Do outro lado do Estreito de Cingapura, a Indonésia se beneficiaria dos mesmos potenciais demográficos e geográficos n?o fosse um dos mercados mais desafiadores para operadores e financiadores de energias renováveis na atualidade. 

Como maior exportador de carv?o do mundo e um dos maiores produtores de gás natural liquefeito do sudeste da ?sia, a Indonésia tem o setor de combustíveis fósseis profundamente enraizado no mix de energia doméstico do país. Uma única concessionária nacional controla a autoriza??o de novos projetos, enquanto os incentivos ao consumidor se concentram, em grande parte, na redu??o dos custos de energia para o usuário final, inclusive subsidiando a energia produzida por gás e carv?o. No ano passado, o governo se manifestou fortemente a favor da mudan?a dessa din?mica, com uma meta declarada de aumentar a participa??o das energias renováveis na gera??o total da Indonésia para 40% até 2030. Nas próximas fases dessa nova transi??o, vemos oportunidades para operadores experientes que podem aproveitar o conhecimento global para aplicá-lo nesse mercado em crescimento. 

Também vemos potencial de ganhos iniciais no setor de transportes da Indonésia. Outro desafio que o país enfrenta é a grave falta de capacidade de transmiss?o para a última milha, ou seja, local. O transporte elétrico cresceu em popularidade, mas a ado??o generalizada enfrenta um desafio ainda maior do que o de outros países na capacidade de carregamento — mesmo que mais esta??es sejam construídas, ainda n?o há como conectá-las à rede. Dessa forma, uma solu??o fundamental para a transi??o poderia ser a centraliza??o dos locais de troca de carga e bateria, como ocorre na China. Com base em nossa experiência anterior na China, vemos isso como outra oportunidade.  

N?o se pode subestimar o impacto que investimentos em infraestrutura nesta escala possam ter em um mercado como o da Indonésia. Para uma na??o de 275 milh?es de habitantes, a Indonésia tem um número proporcionalmente pequeno (17,1 milh?es) de carros. Contudo, tem 125 milh?es de motocicletas24, e quase todas s?o movidas a motor de combust?o interna (internal combustion engine, ICEs).25 Até para o cidad?o comum, o custo de substituir uma motocicleta a ICE por uma elétrica seria viável, especialmente se comparado aos pre?os de um veículo elétrico. O grande obstáculo é o carregamento, problema que também existia para 85 milh?es de motocicletas na China há cerca de uma década. Hoje, a grande maioria das motocicletas e dos ciclomotores novos vendidos no continente é movida a eletricidade.26

O investimento pode criar um círculo virtuoso

Os EMDEs abrigam 85% da popula??o mundial.27 Também respondem por mais da metade do consumo mundial de energia, o que deve chegar a 70% em 2050.28 Certamente, n?o existe um caminho para alcan?ar o carbono neutro que n?o passe por essas regi?es.  

Os investidores privados que empregaram capital em projetos de transi??o de mercados desenvolvidos podem perceber que o impacto de seus investimentos poderia ser ainda maior nos mercados em desenvolvimento e economias emergentes, especialmente aqueles que emitem mais carbono. O potencial de crescimento energético, os custos mais baixos dos insumos e as vantagens naturais que muitos desses mercados oferecem s?o atraentes.  

Com a acelera??o da demanda das empresas e o recente avan?o do financiamento misto e do capital catalítico, muitos desses obstáculos est?o sendo superados. Como resultado, os investidores privados têm mais transparência para empregar capital nos EMDEs e as multinacionais têm mais acesso a parcerias com fornecedores globais de energia renovável em escala nessas regi?es.  

N?o é preciso realizar o impossível, por assim dizer, para diminuir a contribui??o dos EMDEs para o aquecimento dos mares e da atmosfera. Investimentos específicos, direcionados e potencialmente remuneradores podem ter efeitos bastante catalisadores. As novas estruturas catalíticas têm como objetivo criar grandes pools de capital com mandatos adequados para apoiar a transi??o. Essas estruturas fazem parte do ecossistema financeiro de combate às mudan?as climáticas, o que permite que os mesmos investidores que se beneficiam com o capital catalítico possam contar com financiamento público, além de instrumentos inovadores do mercado de carbono. 

O aumento do fluxo de capital para os emergentes, somado ao emprego de uma profunda experiência global em opera??es de energia renovável, pode ser transformador, pois ajuda a gerenciar as din?micas que limitaram os investimentos no passado. Isso n?o apenas estimula mais projetos com a escala de Bhadla, como também gera oportunidades de bons retornos ajustados ao risco.

Notas finais:

1. AIE, "", junho de 2023.    
2. Blackridge Research, "", 30 de julho de 2023.
3. Business Insider, "", 22 de novembro de 2022.    
4. PR Newswire, "Eccopia Expands Bhadla Park Cloud-based Robotic Cleaning Footprint with Additional 500 MWp", 2 de julho de 2018.
5. Blackridge, 30 de julho de 2023.
6. Energy Digital, "", 30 de maio de 2023.
7. Em “”, publicado na Wired em 15 de outubro de 2021, foi estimado que o projeto poderia abastecer 4,5 milh?es de residências indianas, com base na capacidade instalada na época de 2,25 gigawatts. Desde ent?o, os acréscimos ao parque elevaram a capacidade total instalada para 2,7 gigawatts.
8. Blackridge Research, EcoHubMap, "", 2024. 
9. Foreign Affairs, "", julho/agosto de 2023.
10. The New York Times, "", 14 de mar?o de 2024
11. De acordo com a Energy Information Administration dos EUA, espera-se que a demanda global de eletricidade aumente 33% até 2050, sendo que 75% desse crescimento virá dos MEDs, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE). Energy Information Administration, “", 11 de outubro de 2023. Agência Internacional de Energia, "", maio de 2021 (página 39).
12. Agência Internacional de Energia, junho de 2023.
13. Agência Internacional de Energia, "", fevereiro de 2024.
14. Grupo de Especialistas Independentes do G20, "", julho de 2023.
15. Agência Internacional de Energia, "", janeiro de 2024.
16. Agência Internacional de Energia, "", fevereiro de 2024.
17.
18. Foreign Affairs, "", julho/agosto de 2023.
19. National Renewable Energy Laboratory, "", dezembro de 2022; Wind Europe, "", 29 de mar?o de 2019; BloombergNEF, 2? semestre de 2023.
20. O risco cambial deve ser um pouco menor no futuro com o aparente fim do superciclo de fortalecimento do dólar. Dito isso, a necessidade de estratégias robustas de hedge cambial é outro elemento que pode aumentar o custo de capital dos projetos de transi??o dos EMDEs.
21. Afrik 21, "", 5 de julho de 2022.
22. Energy Partnership Chile-Alemania, "", junho de 2021.
23. Sensoneo, "", 8 de novembro de 2023.
24. .
25. The Jakarta Post, "", 27 de fevereiro de 2023.
26. De acordo com o último relatório da , estimou-se que os consumidores chineses comprariam mais de 40 milh?es de veículos elétricos de duas rodas em 2022; isso se compara aos 6,16 milh?es de unidades movidas a gás compradas no mesmo ano, de acordo com um preparado para a Agência de Comércio Italiana.
27. (última modifica??o em janeiro de 2024).
28. Exxon Mobile, “”, 8 de janeiro de 2024.

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